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31.3.11

CARTA DE UM MATUTO A SUA MÃE

Abença Mãe,



Aqui é Tonho Mãe seu fio.







Oia Mãe, aqui tá tudo bem. Tô mandando duas cartas, uma dentro da outra, porque se uma não chegá a outra chega. Não arrepare o pá de sápato, não acheio o numo 40, mai tou mandano doi de 20 que somano dá no mermo. Tô mandano também doi vestido, um é pra sinhora meter em casa e o outro é pra sinhora mete na rua. Mande me dizer se o cavalo do meu pai ta bom, se a egua de minha irmã já pariu e se a besta da minha vó deu cria. Olhe mãe, se o cabaço das menina tiver maduro, dêo ao cumpadi mané que é pra ele lasca antes de que apodreça. Caso a sinhora teja apertada, se afroxe com o burro do meu tio. Segue o dinheiro para a sinhora limpa a roça na frente e deixe a de trás que eu mesmo limpo quando chega a tô mandando mais 200 cruzeiros pra sinhora intocar na mala. Alevante bem os vestido e soque no fundo. Se a sinhora tiver falta de farinha, vá quebrando o gaio com a mandioca do meu Tio, enquanto a minha engrossa. Avise a minha noiva Maria Bufenta que vou lá só pra Abri. Olhe Mãe, aceitei praça da marinha e me deram uma farda amarela, que eu não seio se é da puliça ou do inzército.

Segue 90 Cruzeiros e mais 10 pra sinhora compar o que farta. Só não mando 100 cruzeiros, porque agora não passo. Não se esqueça de infiá o Jão na escola e deixe a Maria eu enfio quando chegá. Olhe Mãe, os passarinho por aqui ta morreno tudo. O piriquito da vizinha cumeu alguma coisa que fez má e ta inchado. Outro dia até munha rola amanheceu dura. Diga a seu jão da vendinha que não mandei o dinheiro dele, porque quando me lembrei já tinha fechado está carta. Por hoje só. Assina seu fio que era sordado razo e agora está de cabo pra cima.





Um beijo, Mãe





De seu fio Tonho...

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